opinião

Previsões extravagantes


Quando comecei a escrever neste espaço, em fevereiro deste ano, escolhi os assuntos relevantes e os que considerei que tornaram este um ano ímpar. Iniciei o ano com "esperança", mas sem desconsiderar os fatos de 2016. Afirmei que a crise sempre foi mais de ordem da moral do que da econômica. Os aumentos dos preços não cessaram em nenhum momento. Combustível, gás, mensalidades escolares, plano de saúde, luz.

A perda real do salário, nunca na história recente desse país foi tão perceptiva e sentida. Nunca fechamos tanto, liquidamos ou alugamos com tanta veracidade. Nunca justificamos tanto, nunca parcelamos tanto. Nunca perdemos tantos empregos. Nunca os juízes ganharam apenas o teto constitucional.

Acreditamos que nunca um palhaço renunciaria. Nunca prendemos tanto. Nunca fomos tão egoístas e individualistas. Nunca fomos tão corruptos. Nunca delatamos tanto. Nunca a ciência do país recebeu tão pouco ou quase nada de recurso. Nunca vimos tamanho caos na saúde. Nunca estudamos tão pouco. Nunca fomos tão apáticos e crentes nas imbecilidades proliferadas nas redes sociais, aliás alguém está batendo panelas? O que de fato importou foi deixado em segundo plano. Lembro do fato que escrevi em março. A nomeação de Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal com diversas suspeitas, também veiculadas nas mídias nacionais, sobre omissão de bens, falsificação de currículo, plágio descarado (tentou justificar, argumentando que no prefácio contava o nome do citado), vazamento de operações da Polícia Federal, enfim, foi o ministro da Justiça em séria crise penitenciária. Recordo hoje de outros fatos, como a lista dos maiores devedores da Previdência Social ter no topo os grandes bancos e grandes empresas de mídia e a crise educacional. E a corrupção? Com os mais de R$ 50 milhões do Gedel, da mala do assessor direto da presidência da República Rocha Loures, do áudio que flagrou Romero Jucá confabulando o grande acordo nacional para estancar a sangria, a prisão da irmã do Aécio e da delação do Joesley foram pauta para todos os dias de 2017.

Lembro também do assunto que mais impactou no cenário negativo do ano. Temos Michel. Um presidente com mais da metade do seu ministério denunciado por casos de corrupção. Temos aquele presidente que concedeu a mais alta condecoração da diplomacia brasileira, Ordem de Rio Branco, a um jornalista e senador denunciado por agressão a mulher. Um presidente que distribuiu milhões em emendas parlamentares. Um presidente que conseguiu aprovar a impopular reforma trabalhista e que está determinado em reformar a Previdência Social.

De 2017, a maior certeza que tenho é que a opinião e a crença passaram a valer mais que o fato propriamente dito. O 2018 começa com muitas incertezas e acredito que o mês de outubro nos trará muitas surpresas.

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